Afinal, o que quer a mulher brasileira? Neste texto, discuto o papel do corpo como uma importante forma de capital físico, simbólico e social na cultura brasileira. Podese afirmar que, no Brasil, o corpo é um capital, talvez o mais desejado por indivíduos das camadas médias urbanas e também das camadas mais baixas. Este texto visa apresentar os principais achados de três grandes pesquisas antropológicas que analisaram as representações, presentes nos discursos de homens e mulheres, sobre as mudanças e continuidades nos papéis de gênero na atualidade.
Procurou-se investigar a maneira como elas lidam com o próprio envelhecimento e com a perda das referências identificatórias restante comuns para a mulher, tais quanto a maternidade e o suposto plaga de objeto de desejo do outro. Sabemos que o século XX, essencialmente a segunda metade, foi um período de grandes transformações na sociedade e de grandes conquistas alcançadas pelas mulheres. Principalmente para a mulher, tais mudanças foram enormes: os sujeitos de nossa pesquisa, que nasceram entre eforam criados sob um véu de normas e padrões rígidos de comportamento que os restringiam quase exclusivamente ao meio familiar e familiar. Tomamos a teoria psicanalítica freudiana, considerada por Benjamin como explicativa do que foi outrora aceito: a gênese da estrutura psíquica na qual uma pessoa representa o sujeito e a outra serve como seu objeto. Assim, as meninas se identificam com o objeto, e os meninos, com o sujeito, na teoria psicanalítica do complexo de Édipo. O tornar-se homem-feito ou mulher, com os atributos que identificam cada gênero é um processo que acontece no decorrer da tradição do sujeito no mundo onde vive. Chasseguet-Smirgel declara que a mulher deseja freqüentemente obter satisfações narcisistas: dar-se sexualmente para receber o amor de um homem, adornar-se, como forma de investir seu ego corporal, suporte material de sua vida amorosa.